Oxóssi: Quem é, Características, História e mais

Oxóssi é um dos principais Orixás da mitologia Yorubá, sendo reconhecido como a divindade da caça e da justiça. Registros históricos o atribuem ao título de rei da região conhecida como Ketu. Essa divindade tem grande importância não só para o povo Yorubá, mas também para os seguidores de religiões afro como a Santeria e o Candomblé.

Essas tradições oferecem diferentes linhagens para ele. Enquanto alguns o consideram filho de Oduduwa, na Regra de Osha e Ifá, ele é visto como filho de Ode Mata; em outras versões, é filho de Obatalá e Yemó (a primeira Yemanjá).

Quem é Oxóssi?

Oxóssi, também conhecido como Ochosi e Oshosi é um Orixá da tradição Yorubá que simboliza o equilíbrio em todas as suas formas. Ele se destaca pela sua participação especial na harmonia espiritual das forças da natureza e das energias ancestrais, tendo uma grande influência sobre as pessoas para ajudá-las a alinhar seus destinos.

Esse eterno caçador também personifica a verdadeira amizade, as fraternidades e a solidariedade. Ele faz parte da trilogia dos “guerreiros”, ao lado de Exu e Ogun, sendo este último seu amigo inseparável. Sua energia está presente nas prisões e em todos os lugares onde a justiça é aplicada, além de habitar na densidade das matas.

O nome Oxóssi pode ser traduzido como: “Osó” (mágico) e “Sísé” (fazer trabalho), ou seja, “Aquele que trabalha para a magia”. Por isso, também é considerado curandeiro e adivinho.

Oxóssi é interpretado como um homem forte e ágil, com profundo conhecimento do mundo natural, o que o torna um grande curandeiro e feiticeiro.

Suas ações estão sempre impregnadas de justiça, verdade, sinceridade e lealdade. Embora tenha um lado impetuoso e impulsivo, é um amigo fiel, que nunca ignora uma falta, independentemente de quem seja, e não pode ser comprado ou subornado. Ele age apenas em benefício ou prejuízo daqueles que realmente merecem, e quando pune uma falta, pode ser implacável.

É nesse aspecto que se revela seu espírito de justiça, ajudando os indivíduos a alcançar seus destinos. Ele age como um guardião, removendo obstáculos, contratempos ou até mesmo pessoas que possam impedir o bom desenvolvimento dos objetivos de alguém.

Essa grande responsabilidade leva Oxóssi a propiciar fenômenos, mesmo que dolorosos ou difíceis de entender, com o único objetivo de promover o crescimento pessoal e eliminar qualquer barreira que possa impedir esse progresso.

Oxóssi, o caçador justiceiro na religião Yorubá

Vale destacar que essa atribuição de justiça não vem do fato de Oxóssi ter matado sua própria mãe devido ao seu impulso e falta de conhecimento. Isso aconteceu quando ele disparou uma flecha, acreditando que estava punindo um ladrão, mas que na verdade estava matando Yemó, sua mãe, que havia libertado as codornas que ele caçava para Olofin.

Esse evento, ao contrário do que se possa imaginar, revela uma natureza impulsiva e ressentida, que precisou ser acalmada pelo próprio Orixá, ao reconhecer seus erros.

Assim, Oxóssi representa duas facetas distintas, como uma balança, que foram perfeitamente equilibradas, tornando-o essencial para fomentar a harmonia entre as energias espirituais e terrenas dos planos existenciais.

Devido à sua natureza justiceira, alguns o veem como um representante da justiça divina. Portanto, é importante analisar cuidadosamente quando se pede a sua ajuda, para garantir que a solicitação seja justa, já que sua energia distribui justiça com total imparcialidade, sem considerar quem faz o pedido.

Oxóssi é um especialista em flora e fauna, possuindo um Axé que lhe dá uma pontaria infalível. Ele também presta atenção quando invocado em momentos de necessidade, para fornecer necessidades básicas como alimento e abrigo.

Simboliza alianças, trabalho em equipe, equilíbrio na natureza, harmonia entre o mundo espiritual e o material, liberdade, evolução, destreza no uso de ferramentas, progresso, amor incondicional, solidariedade e união entre os povos.

Características de Oxóssi

Além de ser justiciero e caçador, Oxóssi é também um hábil curandeiro, adivinho e pescador. Ele é amigo de Ossain (Ozain), o Orixá das ervas, com quem aprendeu os segredos das plantas e raízes, e de Inlé, Orixá da medicina e da pesca.

Na Regra de Ifá, o fundamento de Oxóssi é composto por uma pedra (Ota) acompanhada de um arco e flecha, que são colocados dentro de um caldeirão onde também repousa a energia de Ogun.

Na Regra de Osha, seu fundamento é consagrado sobre uma frigideira ou vaso de barro, contendo Ota, arcos, flechas, conchas de caramujo e outras ferramentas de seu uso. Os atributos de Oxóssi incluem instrumentos de caça e pesca, tarros de venado, três cães de caça, anzóis, espelhos e escudos.

Seus arcos e flechas nunca devem estar apontando para baixo, pois ele está sempre alerta e em posição de caça.

Dia de Oxóssi

A data de celebração de Oxóssi é o dia 3 de novembro, graças ao sincretismo religioso. Seu dia da semana é terça-feira.

Números

Os números de Oxóssi são o 3, o 7 e seus múltiplos.

Colares (elekes) e cores de Oxóssi

Os colares e o ilde (pulseira) de Oxóssi são feitos com dois fios alternados de contas nas cores: azul, verde, âmbar e laranja, que o representam. Sua vestimenta e acessórios incluem uma calça justa até os joelhos, um chapéu, uma capa e uma bolsa cruzada no peito.

Seu traje geralmente é confeccionado com peles de leopardo, tecido de saco, tecidos nas cores azul, verde e laranja, e adornado com contas e cauris.

Danças de Oxóssi

Quando Oxóssi se manifesta por meio de um “cavalo de santo” em uma festa ritual, ele realiza movimentos ágeis e enérgicos, se colocando em uma posição de caça, com os dedos cruzados e realizando gestos que imitam o disparo de uma flecha com o arco. Seus conselhos são ouvidos com grande respeito, pois costumam ser considerados como uma sentença.

História de Oxóssi

Oxóssi estava concentrado em caçar codornas para oferecer a Olofin. Sempre que ele reunia três codornas, alguém as roubava da sua jaula. Após várias tentativas, ele conseguiu entregar uma codornas a Olofin, que lhe disse: “Peça um desejo, e será atendido”.

Enfurecido, Oxóssi pediu que sua flecha atravessasse o coração de quem lhe roubou as codornas, e seu desejo foi atendido. Porém, a flecha acertou Yemó, sua mãe, que estava no mato libertando as aves. Quando Olofin viu o que acontecera, ele explicou a Oxóssi que havia matado sua própria mãe.

Desesperado, Oxóssi correu por dias, até desmaiar na praia. Quando acordou, Yemanjá lhe disse: “Você precisa deixar o tempo passar para que as coisas se resolvam. Vá com Oxum e fique com ela”. Oxum o acolheu, e, após muitos anos, Yemanjá o levou de volta a Olofin.

Oxóssi, arrependido, pediu perdão, e Olofin o condenou a trabalhar para sempre com seu irmão Ogun. O único pedido de Oxóssi foi que seu colar tivesse contas azuis e amarelas em homenagem ao auxílio que recebeu de Yemanjá e Oxum.

O que se pede a Oxóssi?

Oxóssi é invocado para ajudar a encontrar o caminho correto para cumprir o destino de maneira positiva. Ele é excelente para trazer equilíbrio entre o mundo espiritual e o material.

É um Orixá muito procurado quando se necessita de cura, seja física ou espiritual, e é muito conhecido por intervir quando se precisa de justiça, sendo invocado para amparar aqueles que são vítimas de situações injustas.

Como são os filhos de Oxóssi?

Os filhos de Oxóssi costumam ser muito amistosos, simpáticos, carismáticos, humanitários, inteligentes, astutos, individualistas, independentes, criativos, autodidatas e com habilidades para trabalhos manuais. São leais quando realmente querem.

Os filhos de Oxóssi têm uma graça natural que os torna rápidos de pensamento e intuitivos, geralmente mais habilidosos que os outros. Essa virtude, às vezes, pode ser usada de maneira errática, fazendo com que se tornem pessoas explosivas, que buscam chamar a atenção dos outros a qualquer custo.

Têm dificuldades para amadurecer, podem ser rebeldes, ressentidos, transgressores das normas, bruscos ao falar, desorganizados, inconstantes, teimosos e inclinados a se envolver em negócios ilícitos.

Nomes para os Filhos de Oxóssi

Os filhos de Oxóssi costumam ser pessoas inteligentes, astutas, carismáticas e muito criativas. No entanto, também podem ser rebeldes e difíceis de controlar. Abaixo estão alguns nomes comuns para os filhos de Oxóssi:

  • Yenku: Oxóssi não me deixa morrer.
  • Alankua: O braço poderoso de Oxóssi.
  • Ode Mele: O caçador compassivo.
  • Dayen: Oxóssi está sobre a terra.
  • Ala Otumbu: O manto da verdade absoluta de Oxóssi.
  • Kepezo: Oxóssi me sustenta.
  • Eni Owo: O filho prestigiado de Oxóssi.
  • Omo Lada: O filho com a coroa de Oxóssi.
  • Omo Niyi: O filho da glória de Oxóssi.
  • Oxóssi Omo Eletiro: O filho correto de Oxóssi.
  • Omo Koye: O filho misterioso de Oxóssi.
  • Omo Lapon: O filho diligente de Oxóssi.

Relação entre os Orixás Ogun e Oxóssi

A seguir, temos uma história ou pataki que explica por que Ogun e Oxóssi são deidades que permanecem juntas e a importância de se atender aos seus fundamentos em conjunto.

A união de Ogun e Oxóssi (Pataki de Ogunda Masa)

Conta-se que o Orixá Ogun manejava muito bem o adá (machete), mas, por outro lado, ele tinha dificuldades para chegar a tempo ao seu objetivo de caça na espessura da mata. Qualquer atraso ou barulho fazia com que os animais escapassem, o que tornava a caça difícil para ele.

Já Oxóssi, com facilidade, caçava sua presa, mas ele também encontrava dificuldades para chegar até o local onde ela estava, para resgatá-la no meio da vegetação densa.

Cada um deles, separadamente, foi até Orunmilá para que ele realizasse o Osode (adivinhação) e assim resolvesse seu problema. Ifá determinou que ambos precisavam fazer Ebó (sacrifício), o que foi feito com zelo e dedicação.

Depois, seguiram até o local indicado por Orunmilá, aos pés de uma árvore, que seria o destino final do ebó. Quando ambos chegaram ao local, se sentiram desconfortáveis a princípio, pois, embora não se conhecessem, Exu já havia falado um do outro, destacando as virtudes de cada um sobre o outro, o que os deixou um pouco predispostos e cautelosos.

No entanto, assim que os ânimos se acalmaram, começaram a conversar sobre a difícil situação que ambos estavam enfrentando, sem conseguir caçar sua comida de forma satisfatória.

Oxóssi avistou um cervo à distância, disparou sua flecha e acertou a presa, como de costume, dizendo a Ogun: “Eu facilmente acerto, mas não consigo alcançar minha presa devido ao mato fechado que está entre nós.” Ogun respondeu: “Isso não é problema!” E abriu caminho com seu machete, avançando pela mata e alcançando rapidamente o corpo do cervo.

Ambos ficaram muito felizes por conseguirem comida e celebraram, cozinhando e compartilhando a refeição. Desde então, tornaram-se inseparáveis, fazendo um pacto, graças à adivinhação e ao ebó determinado por Orunmilá, que eles sempre trabalhariam juntos, porque “na união está a força.”

Essa história nos ensina que, embora cada pessoa tenha habilidades e talentos únicos, muitas vezes esses dons não são suficientes para superar todos os desafios sozinhos. O trabalho em equipe e a colaboração são o que realmente nos levam ao sucesso.

Não devemos permitir que comparações e ciúmes nos façam esquecer o valor da união e da cooperação. Em vez de competirmos uns com os outros, devemos reconhecer que unir nossas forças pode ajudar a superar nossas fraquezas e alcançar nossos objetivos.

Pataki de Oxóssi

Em um antigo caminho, Oxóssi, Deus da caça, trabalhava arduamente para fornecer presas às outras divindades. No entanto, seu trabalho não era recompensado, seu bolso permanecia vazio e seu espírito cansado. Buscando uma solução para seu infortúnio, o caçador decidiu procurar a sabedoria de Orunmilá.


Quando chegou à presença de Orunmilá, Oxóssi contou seu dilema. O conselho de Orunmilá foi claro e direto: ele deveria trair os outros Orixás e entregar presas erradas. Seguindo o conselho, o caçador entregou as presas erradas, mas o truque se voltou contra ele. Em vez de prejudicar os Orixás, parecia beneficiá-los ainda mais, e sua situação ficou ainda mais desesperadora.


Em busca de uma nova solução, Oxóssi foi até Olofin, o soberano supremo. A recomendação de Olofin foi simples: ele deveria mudar de ofício e de lugar, tornando-se ferreiro em outra cidade.

Seguindo este novo caminho, o caçador se tornou ferreiro e encontrou trabalho com Ogun. Trabalhou diligentemente, aprendendo a arte do ferro e do aço. Mas o destino tinha mais para Oxóssi. Ele vagou de cidade em cidade, absorvendo conhecimentos e habilidades, transformando-se em um homem de múltiplos ofícios.

Enquanto isso, Olofin procurava um homem completo, alguém com várias habilidades, para governar uma cidade. Muitos se apresentaram, mas todos eram especialistas em apenas um campo.


Quando Oxóssi soube dessa busca, ele se apresentou diante de Olofin. Ao ver que esse caçador transformado em ferreiro havia adquirido tantas habilidades, Olofin, com sua palavra divina, nomeou Oxóssi como Rei. Assim, o caçador que antes trabalhava sem recompensa ascendeu ao trono, graças à sua sabedoria e coragem.

Oxóssi na religião católica (Sincretismo)

O sincretismo de Oxóssi é muito interessante. Esse Orixá é associado a vários santos da religião católica. Os mais comuns com os quais ele é sincretizado são: São Norberto, São Alberto Magno e São Tiago Maior.

  • São Norberto: As semelhanças com Oxóssi são um pouco escassas. Destaca-se a conversão e dedicação de Norberto ao exercício da evangelização católica, chegando até a fundar importantes ordens religiosas. Assim como Oxóssi, suas ações o levaram ao arrependimento, e ele dedicou sua vida ao trabalho espiritual e à ajuda ao próximo.
  • São Alberto Magno: Este santo é conhecido como o “doutor da Igreja” e foi bispo, teólogo, filósofo e cientista na Idade Média. Ele é conhecido por seu conhecimento sobre as propriedades das plantas e minerais, o que coincide com as habilidades de Oxóssi no campo da caça e da sabedoria sobre a natureza. São Alberto também é conhecido por suas pesquisas em botânica, alquimia, astronomia, mineralogia e outras ciências, áreas em que Oxóssi também é envolvido espiritualmente.
  • São Tiago Maior: Este apóstolo, um dos mais importantes seguidores de Jesus, é comumente associado a Oxóssi no sincretismo. São Tiago é muitas vezes representado como um peregrino, e os Yorubás adaptaram elementos dos peregrinos para os Orixás guerreiros, como o bastão de peregrino, a bolsa de peregrino e o chapéu de peregrino. Além disso, Tiago é representado como um soldado montado em uma postura de luta, o que reforça ainda mais sua associação com Oxóssi, considerado um guerreiro por natureza.

Como se monta Oxóssi por Ifá?

Este Orixá é consagrado tanto por santeros quanto por Babalawos. Quando é consagrado por Babalawos ou “de Ifá”, ele é feito sobre um recipiente de barro com uma carga secreta que depois é cimentada. Por cima do assentamento é sempre caracterizado por suas ferramentas mais icônicas: o arco e a flecha.

Frases de Oxóssi

  • Oxóssi disse: “Por mais que viaje o caçador, a flecha nunca descansa e sempre acerta o alvo da justiça.”
  • Oxóssi disse: “Um caçador nunca esquece o bem que lhe foi feito, assim como não perdoa quem paga com ingratidão.”
  • Oxóssi disse: “Tarde ou cedo, o traidor será capturado pela flecha da justiça.”

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