Ozun (Osun): Quem é, Características, História e mais

Ozun é o Orixá que nunca dorme. Ele é o guardião do nosso destino e o protetor do lar. É considerado um “Oddé” (guerreiro), sempre atuando ao lado de Eleguá, Ogun e Oxóssi. Faz parte de um grupo de Orixás conhecidos como “os guerreiros”.

Quem é Ozun?

Essa divindade pertence ao panteão Yorubá. Ozun é filho de Obatalá e Yemú, sendo um Orixá com um papel essencial no equilíbrio entre os mundos físico e espiritual. Ele é visto como um mensageiro especial de Olofin, e sua principal função é cuidar dos praticantes da religião Yorubá, protegendo-os e avisando-os sobre possíveis catástrofes.

Ozun também representa o espírito ancestral, o qual se funde com os indivíduos através de seu linaje, orientando, alertando e protegendo-os. Normalmente, ele é um dos primeiros Orixás recebidos pelos iniciados na religião.

O que é Ozun?

Ozun é o Orixá que mantém o ser humano de pé sobre a terra, sendo sinônimo de vida. Quando seu fundamento cai ou é deitado, isso é considerado um mau presságio. Além do mais, quando a pessoa que é dona do fundamento de Ozun falece, o recipiente que contém esse Orixá também é deitado.

A delicadeza desse fundamento faz com que qualquer fenômeno envolvendo-o seja tratado com muito cuidado, pois pode ser um sinal de advertência de sua espiritualidade.

Características de Ozun

Entre as principais características de Ozun, destaca-se sua relação especial com Orunmilá, com quem tem uma conexão tão forte que Ozun se torna seu bastão. Essa relação lhe concede qualidades de premonição, sendo capaz de antecipar acontecimentos importantes.

O número de Ozun

O número de Ozun é o 8, e todos os seus múltiplos, devido à relação com o Orixá Obatalá. O dia de Ozun é celebrado no 24 de junho, uma data de origem no sincretismo afrocubano.

Receptáculo de Ozun

O fundamento de Ozun é colocado em uma taça metálica selada, geralmente de prata. Sua tampa normalmente exibe a imagem de um galo, embora em alguns casos possa apresentar outros símbolos, como uma pomba, um cachorro, ou um raio.

A imagem pode variar dependendo de qual outro Orixá está acompanhando esse fundamento. Dentro da taça, há uma carga secreta, mas Ozun não possui outros atributos como colares ou elekes, e não utiliza mãos de caracóis.

Cores de Ozun

Sua cor é o branco, uma homenagem a Obatalá.

História de Ozun

A história de Ozun conta que, quando ele e seus irmãos, Eleguá e Ogun, moravam com seu pai, Obatalá, este último sempre confiou a Ozun a responsabilidade da casa, já que os outros dois eram muito travessos. No entanto, os irmãos começaram a invejá-lo e tramaram uma forma de fazer com que Obatalá perdesse a confiança em Ozun.

Em uma ocasião, enquanto Ozun dormia, Eleguá e Ogun roubaram a cabra branca favorita de Obatalá, mataram-na e a comeram. Para incriminar Ozun, eles untaram sua boca e roupas com sangue da cabra.

Quando Obatalá chegou em casa e percebeu que sua cabra estava desaparecida, interpelou seus filhos. Eles acusaram Ozun, dizendo que ele estava bêbado e dormindo, com a boca cheia de sangue, o que parecia indicar que ele havia comido a cabra.

Ozun, sem saber de nada, jurou que não havia feito isso. Obatalá, com sua sabedoria, usou um pó especial para identificar as pegadas de Eleguá e Ogun, descobrindo a traição. No entanto, apesar de tudo, Obatalá ficou irritado, pois o dever de Ozun era estar sempre atento e vigilante.

Como castigo, Obatalá determinou que Ozun ficaria sempre de pé, sem dormir, e nunca mais comeria cabra.

Ozun na Santeria

Na Santeria, Ozun não é consagrado diretamente nem se coloca à frente de ninguém, e não possui “caminhos”. Ele pode ser recebido por alheios, iworos e babalawos, sendo uma das primeiras divindades a serem recebidas pelos iniciados.

Quem entrega Ozun?

A entrega do fundamento de Ozun é feita pelos babalawos, que têm a autoridade para preparar a carga secreta que compõem seu receptáculo. Eles são os sacerdotes encarregados de formalizar a presença de Ozun nas vidas dos iniciados.

Ozun em agradecimento a Orunmilá

Em um caminho, Ozun desejava ter filhos e foi até Oyeye Awó Iwori, que fez um ritual para ajudá-lo. Para conseguir gerar um filho, Ozun teve que oferecer uma cabra branca a Obatalá, outra a Orunmilá, e outra a Oyá, além de acender 16 velas de manteiga de cacau para os espíritos de Oduduwa até que o filho nascesse.

Posteriormente, Ozun seguiu as orientações e, após o nascimento de seu filho, fez as oferendas solicitadas. Eventualmente, seus filhos cresceram e fundaram uma aldeia chamada Oshe Osun Nile, sob a liderança de Orunmilá.

Como atender a Ozun?

Este Orixá deve ser mantido sempre limpo, sem sujeira, poeira ou sangue. Seu receptáculo é frequentemente preenchido com pó de cascarilla, que é oferecido junto com manteiga de cacau.

Alguns dos adimus (ofertas) que podem ser feitas a Ozun incluem:

  • Inhame cozido, desfeito em bolinhas ou bollitos.
  • Tamales de feijão fradinho.
  • Tamales de feijão fradinho com casca.
  • Milho tostado e pilado.
  • Pargo frito.
  • Pão e leite.
  • Frutas como cocos e uvas.

Os animais sacrificados para Ozun incluem pombas e outros animais comumente oferecidos aos Orixás guerreiros.

Ozun na Religião Católica (Sincretismo)

Os Yorubás trazidos para Cuba sincretizaram Ozun com São João Batista. É interessante observar que esse santo católico gerou muitos ritos e tradições pagãs em diversas culturas religiosas, principalmente devido à data de sua celebração, 24 de junho, que coincide com o solstício de verão.

Em muitas culturas antigas, assim como em algumas mais contemporâneas, as práticas espirituais eram orientadas pelo movimento dos astros, especialmente o Sol. Por isso, o 24 de junho, data de São João, marca um momento significativo: o Sol começa a brilhar com maior força, simbolizando renovação e energia.

A celebração desse dia gerou diversas festividades, entre elas as festas de São João, que, em algumas tradições, escondem rituais de origem africana, como os do sincretismo dos Yorubás em Cuba.

Ao falarmos de São João Batista, encontramos um personagem que desempenhou um papel crucial ao preparar a chegada de Jesus. Ele foi o escolhido para batizar o “Filho do Homem”, ou seja, o Salvador.

Essa missão especial confere-lhe um grande respeito e honra, o que levou os Yorubás a associar essa espiritualidade à de seu Orixá, Ozun, por suas funções de vigilância e proteção.

Ervas de Ozun

Ozun compartilha várias ervas utilizadas por Obatalá, como:

  • Atiponlá (tostón).
  • Bledo branco (pira).
  • Dormideira.
  • Aguinaldo branco.
  • Agracejo.
  • Aguedita.
  • Albahaca branca.
  • Algodão.
  • Guanaba.
  • Arroz.
  • Almendro.
  • Artemisa.
  • Campana.
  • Canutillo.
  • Coralillo branco.
  • Diamela.
  • Chirimoya.
  • Estropajo.
  • Galán de día.
  • Jazmín de la tierra.
  • Maravilla.
  • Seso vegetal.
  • Trébol.
  • Tuna.
  • Yagruma.
  • Hierba lechosa.

Benefícios de Receber Ozun

Ozun é um Orixá que é recebido para atrair estabilidade e firmeza durante a nossa jornada na Terra. Ele proporciona uma conexão com as espiritualidades ancestrais e com o nosso destino, permitindo que se mantenha vigilante sobre nós e nos avise de situações adversas que podemos evitar.

O que se pede a Ozun?

A Ozun, geralmente se pede:

  • Estabilidade e força para permanecer firme diante das dificuldades da vida.
  • Ajuda nos momentos de saúde debilitada.
  • Proteção contra contratempos e desafios inesperados.
  • Canalização espiritual.
  • Ajuda em guerras espirituais e dificuldades para prosperar ou encontrar o caminho certo.
  • Forças espirituais para superar dificuldades emocionais e físicas.
  • Proteção contra inimigos desconhecidos ou situações que colocam nossa integridade em risco.

Pataki de Ozun

Há uma história na mitologia Yorubá que conta que Ozun era secretário de Olofin e conhecia todos os seus segredos. Olofin, um grande sacerdote (Awo), confiava plenamente em Ozun. Mas Ogun, que queria saber os segredos de Olofin, fez um grande tabuleiro de ferro, acreditando que o tamanho do objeto demonstraria seu valor.

No entanto, ele não conseguiu movê-lo. Passando por ali, Exu o viu e disse que ninguém sabia como Olofin vivia. Mas Ogun insistiu: “Eu sou amigo de Ozun, e ele vai me contar por bem.” Com um machado e um facão, Ogun foi até a casa de Olofin e pediu a Ozun que lhe revelasse os segredos de seu mestre.

Ozun, então, lhe disse que a esposa de Olofin era uma múmia que ficava em sua casa e só podia ser vista depois das 18h. Ogun, feliz com a informação, foi contar tudo a Olofin, que ficou surpreso com o que Ogun sabia, mas sabia que somente Ozun conhecia seus segredos mais íntimos.

Olofin então chamou Ozun e, vendo-o cabisbaixo, perguntou por que ele havia contado o segredo. Ozun se desculpou, e Olofin, em sua sabedoria, disse que não perderia seu prestígio, mas viveria afastado dos outros. E, apontando com a mão esquerda, decretou: “Você nunca mais poderá falar.”

Frase de Ozun

Ozun diz: “Não tema o traidor que te espreita pelas costas. Eu estou sempre vigilante para proteger o seu caminho.”

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